sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

(Atualizado Março 2022) As origens do sangue extremeño na

Família Leote Tavares 

De como de Alburquerque vieram para o Algarve


Escudo entero, de gules una encina de plata englandada de su color natural, acostada de dos estrellas de ocho radios cada una, situadas junto al tronco. Al timbre Corona Real cerrada



Alburquerque é hoje uma cidade da província de Badajoz, Estremadura Espanhola, de cuja cidade dista pouco mais de 42km, 6 léguas, da raia portuguesa em frente a Arronches. Pensa‑se que esta toponímia possa ter duas origens ou latina de Albus quercus, azinheira branca, ou árabe Abu-al-Qurq, “país de los alcornoques”, (campo de sobreiros).


Desta feita tentaremos esclarecer como esta povoação esteve ligada às História de Portugal, do Algarve, e da Família Leote Tavares em particular.

Gravura de Alburquerque, 1667, (recortada). Em primeiro plano o Burgo cercado por paliçadas, mais à frente, atravessando da esquerda para a direita, a muralha de la Villa e, ao alto, o Castelo de Luna com o seu torreão de menagem.


Veremos como da união de Lopo Fernandes Tavares e Juana del Risco descendem todos os Leote Tavares, se entroncam com algumas outras famílias algarvias como os Bustorf, Corte-Real, del Risco, Leão Banha, Vilalobos, Moniz Coelho e tantas outras.

Primeira parte

Introdução

As ligações desta povoação e território à história de Portugal remontam ao início do século XIII.

Após ser abandonada nas guerras da reconquista Ibérica e ter ficado ao abandono nos finais de 1217 ou 1220, foi Alburquerque ocupada e povoada com seus vassalos portugueses, reparando as muralhas e fortes como pode, para resistir às investidas dos mouros de Badajoz”[1] por Afonso Telles de Meneses, O Velho, (1161-1230), 1.º Senhor de Alburquerque, casado que foi em primeiras núpcias com D. Maria Anes, cujo neto se chamava D. Afonso de Molina que ficou com direito a uma metade de Albuquerque.

Em segundas núpcias (junto com 7000 morabitinos dados pelo rei portugués), casou com D. Teresa Sánchez de Portugal, filha bastarda do Rei D. Sancho Ique a houvera de D. Maria Pais Ribeira, a Ribeirinha, esta filha de Paio Moniz de Ribeira e de Urraca Nunes de Bragança, filha de Vasco Pires de Bragança.

Foi seu bisneto João Afonso Telo, também Senhor desta vila, que veio a casar com outra D. Teresa Sanchez, também filha bastarda de Sancho IV de Castela e de Dona Maria Afonso de Menezes, e deste casamento nasceu D. Teresa Martins que herdou a outra metade do senhorio de Albuquerque.

Quando o rei D. Dinis fez Afonso Sánchez, seu filho bastardo nascido antes do casamento, preferido e reconhecido, Conde de Alburquerque por se ter casado com Dona Teresa Martins de Meneses, 5.ª Senhora de Alburquerque, descendente (trineta) do refundador cristão da vila, Afonso Telles de Meneses, D. Afonso Sánchez trocou, ou escambou como se dizia naquele tempo, a metade que lhe faltava do senhorio de Alburquerque com o sobrinho-primo de sua mulher D. Afonso de Molina, dando em troca San Felices de los Gallegos, Bispado de Salamanca e assim se juntaram as duas metades na posse integral do senhorio de Alburquerque em 1308.[2]


Armas portuguesas de D. Afonso Sánchez na porta de Valencia nas muralhas de Albuquerque, (foto do autor, 2019).
 

A partir desta data Afonso Sánchez dedica-se à reconstrução das muralhas e do castelo da vila sem nenhuῦ embargo e sem contraduzimnto de nenhuῦ pessoa, … toda minha livre vontade, e que quer que a my aproguesse, como da minha própria possissom”, conforme se lê em duas placas de mármore postas perto da Porta da Cidade (também conhecida como Porta de Badajoz - Foto abaixo) e da porta de Valencia.  A primeira transcrição diz:  

En nome de Deus, amen. Eu A(l)fonso Sánch(e)z / senhor dAlboq(ue)rq(ue), mand / ei comecar este lavor / f(eri)a q(u)arta, q(u)atro dias a(n)dados / dagosto da e(r)a de mil e tre / zentos e XL e q(u)atro anos. / O q(u)al lavor e p(r)aza a D(eus) que / seia se(m)pre ao seu servi-/ co et a (h)o(n)ra de D(eu)s e d(e) Santa M(ari)a, / sa madre e a ho(n)ra do meu / corpo e ende re(n)came(n)to d(e) / m(in)ha fazenda q(ue) todalas co-/ usas q(ue) c(om) d(eu)s son feitas, todas / adea(n)te va(n) e todas q(ue) e(m) nel so(m) / todas a(m) d(e) falec(e)r. E por e(m) q(uem) p(r)aza el q(ue) aia boa ama.[4]

 Lápide de alabastro escrita em letra gótica da Porta de Badajoz, (foto do autor, 2019. Ver nota 4.) O original desta lápide encontra-se no Museu Arqueológico Provincial de Badajoz, N.º inventário 0887.
Por extinção desta linha herdou o título de 4.º Conde de Alburquerque, Henrique de Trastâmara, que depois de exilado perdeu todos os seus bens inclusivamente a vila para Álvaro de Luna (1388-1453) que a reformou e melhorou, de quem tomou o nome de Castelo de Luna.


Como nota interessante sabe-se da existência de um Fernán Sánchez del Riscouno de los "trece" [governadores eleitos pelos cavaleiros], da Ordem de Cavalaria de Santiago, na posse e governo de Zurita, na província de Guadalajara no ano de 1352. [5]


[1] http://portaldosalbuquerque.blogspot.com/p/senhorio-de-alburquerque_16.html. Veja-se restante história neste site. (Outubro 2016).

[2] ANTT, Chancelaria del Rei D. Dinis Livr.º 3.º fol. 62.

[3] Veja-se este episódio da Alma e a Gente da RTP sobre Afonso Sanches.  https://arquivos.rtp.pt/conteudos/quem-foi-afonso-sanches/

[4] http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/o_arqueologo_portugues_2_serie/ Veja-se artigo interessantíssimo sobre a leitura destas lápides por Cordeiro de Sousa (1953), (Outubro 2019) Cf. José María de Francisco Olmos; Rodrigo José Fernández Martínez, “Una documentación epigráfica inusual: el acta notarial (1747) de una inscripción medieval de la muralla de Alburquerquein "Revista General de Información y Documentación”, Ediciones Complutense, Madrid, 2020, p. 473-506.
http://dx.doi.org/10.5209/rgid.72818  ;//https://revistas.ucm.es/index.php/RGID/article/view/72818/4564456555082 cf. 
José María de Francisco Olmos, Rodrigo José Fernández Martínez, "Una documentación epigráfica inusual: el acta notarial (1747) de una inscripción medieval de la muralla de Alburquerque" in Rev. gen. inf. doc. 30(2) 2020: 473-506, Ediciones Complutense, p. 473

[5] Memorial histórico español: colección de documentos, opúsculos y antigüedades que publica la Real Academia de la Historia, Real Academia de la Historia (España), Tomo XLIII, 1851, Impresso em Madrid: Est. Tip. de la Viuda é Hijos de M. Tello, Impresor de la Real Academia de La Historia, Calle de San Francisco,  p. 167.
https://archive.org/details/memorialhistrico43real/page/n5/mode/2up?q=%22del+risco%22


As Guerras da Restauração

Damos um salto no tempo e chegamos à longuíssima Guerra da Restauração que durou desde 1640 até 1668, período de guerras intermitentes, batalhas, correrias, ocupação de povoações e geral clima de instabilidade em ambos lados da fronteira.

Ya desde 1641, con el comienzo de las hostilidades, las correrías portuguesas empezaron a verse como un grave problema para las poblaciones extremeñas más cercanas a la frontera. Las cartas de jesuitas recopiladas en los volúmenes 16, 17, 18 y 19 del Memorial Histórico Español, así como noticias recogidas en archivos municipales y notariales de la región nos suministran información sobre invasiones portuguesas en prácticamente todas las localidades extremeñas situadas en la frontera y sus cercanías: la Sierra de Gata, el partido de Alcántara, Valencia de Alcántara y sus aledaños, Alburquerque, el partido de Badajoz… [...] Ambos propósitos, la destrucción material y moral, fueron conseguidos plenamente. Desde principios de la guerra se instala en las villas y ciudades de la provincia de Extremadura un estado cercano al pánico, en el que la amenaza de invasión pende sobre los habitantes de la región de manera constante y provocando reacciones diversas. [García-Barriga, Felicísimo, Sociedad y Conflicto Bélico en la Edad Moderna: Extremadura Ante la Guerra con Portugal (1640-1668) In Norba. Revista de Historia, ISSN 0213-375X, Vol. 21, 2008, 29-47, Pag. 33-34.]

O "Mercúrio Português"[1], em 1663, descreve assim a cidade: 

quasi nos confins de Castela …  no cume de hũ inaceffível mõte eftá situado o Castello de Alburqueque, não cõ grande capacidade por todas as partes fe fundarão as muralhas fobre penedia tão áfpera, que he incapaz de poder fer minada a fortificação q tẽ; he inda aquella antigua q lhe mãdou fazer o N. [nosso] ínclito Rey D. Dinis mas pelo fitio, aquella fó baftãte para fe poder defender de exércitos mayores, a Villa antigua atafe [ata-se] cõ efte Caftello por aquella parte q olha para Caftela & eftendefe pelas fraldas daquelle mõte; cerca tãbẽ outro antigo cazamuro desquartinado de algũs torriões; as guerras modernas fizérão abrir hũa cava a este cazamuro, & todo elle cobre o arrebalde já fituado no plano de cãpanha; a efte [Este] se tẽ feito algũas trincheiras & meyas luas, por fer efta Villa adõde muitas vezes tẽ chegado os noffos exércitos, & sẽpre foi exposto ao furur de noffas armas, a Villa & o arrebalde, fẽ jâmais fe invadir o Casftello, porq sempre forão a efta parte mais interprẽder q a fitiar.”

Desse período constam alguns escritos que apontam para a responsabilidade dos Portugueses na confiscação de documentação municipal tendo sido levada para Portalegre. Não averiguei da veracidade desta afirmação.

In Barrantes, Vicente (1829-1898), Catálogo razonado y crítico de los libros, memorias y papeles, impresos y manuscritos que tratan de las provincias de Extremadura: así tocante a su historia, religión y geografía, como a sus antigüedades, nobleza y hombres célebres, p. 271 (Adiciones). http://bdh.bne.es/bnesearch/detalle/bdh0000123942 (Outubro 2019).


[1] Macedo, António de Souza, Mercúrio Portuguez com as novas da Guerra entre Portuga e Castela, começa no ano de 1663, Officina de Henrique Valente de Oliveira Impressor del Rey N. S. Lisboa, Março de 1667, p. 762.


Preâmbulo do casamento de Lopo Fernandes Tavares

A Guerra da Sucessão de Espanha inicia-se no momento em que a província espanhola da Extremadura ainda não se tinha recuperado da guerra de Independência de Portugal. Devido às táticas expansionistas do Rei Luís de França e depois de um período de alinhamento de Portugal com França os ministros portugueses assinaram um Tratado de Aliança Defensiva com a Inglaterra e as Províncias Unidas em 16 de Maio de 1703[1]. Em causa estava o restabelecimento do equilíbrio europeu, conforme expressamente referiu o Enviado Extraordinário em Londres, D. Luís da Cunha, que defendia o necessário enfraquecimento da França e considerava que naquela altura a Portugal só interessaria a neutralidade ou a aproximação às potências marítimas[2].

Um dos cenários mais frequentes do conflito, que só terminou definitivamente em 1715 pelo tratado de Utrech assinado em 1713[3], foi a raia alentejana. O Arquiduque Carlos, pretendente ao trono espanhol como Carlos III, irmão do Imperador do Sacro Imperio Romano Germânico, José I apoiado por Portugal e por Inglaterra, chega a Lisboa a 7 Março de 1704 no veleiro inglês Royal Catherine escoltado por uma imponente frota ancorando nas proximidades de Belém[4]

Pintura da Royal Katherine, barco de 84 canhoneiras, construído em Woolwich em 1664 por Christopher Pett tendo o nome da Rainha de Inglaterra, Catarina de Bragança.

Lisboa, Rio Tejo. Chegada da frota Holandesa-Inglesa trazendo a bordo o Arquiduque Carlos III de Áustria. 7 de Março de 1704 (Rijkmiuseum).


O Exército aliado sai de Lisboa em direção à fronteira em Abril de 1705. O adversário nesta contenda, Felipe de Anjou, Felipe V de Espanha, (futuro sogro de rei D. José I em 1729), responde com a concentração de 40 000 soldados em Placência. Entretanto prepara-se o ataque a Valencia de Alcântara iniciando-se a campanha a 24 de Abril de 1705. Formou-se o exército Luso-britânico que era composto por 12 000 portugueses comandados pelo 1.º Conde das Galveias, Dinis de Melo e Castro (1624-1709), 2500 ingleses comandados pelo Visconde de Galway, Henri de Massue (1648-1720) e 2300 holandeses comandados pelo Lt-General holandês Francois Nicolaas Fagel (1655-1718). O Conde de Corzana trabalhava em conjunto com o Conde das Galveias no aprovisionamento e comando. O Marques de Minas, António Luís de Sousa Telo de Meneses (1644-1721) tinha à sua responsabilidade a fronteira da Beira. O Arquiduque Carlos ficou em Lisboa com o rei D. Pedro II que se encontrava adoentado com "defluxo d'estilício"[5].

As tropas portuguesas passam por Arronches em direção a La Codosera e decidem sitiar Valencia de Alcântara. A praça de Valencia era comandada pelo Marquês de Villa‑Fuente com uma guarnição de 700 soldados. Chegados a Valência a 2 de Maio e depois de vários dias de cerco, a 9 de Maio faz-se uma brecha nas muralhas e 900 granadeiros ingleses, holandeses e dois regimentos portugueses assaltam e pilham a vila.[6] 



[1] Tratado offensivo entre o Imperador Leopoldo, Imperador dos Romanos, e Anna, Rainha de Inglaterra e as Províncias Unidas de huma parte, e Pedro II Rei de Portugal”. Nota do Autor: Leopoldo era o pai do Arquiduque Carlos, pretendente Habsburgo ao trono de Espanha, e foi Imperador dos Romanos após a morte do irmão mais velho D. José.

[2] https://www.portaldiplomatico.mne.gov.pt, on-line. (Outubro 2019).

[3] Ruiz Gutiérrez, María Concepción, La Guerra De Sucesión En Cantabria, 2015, p. 90.

[4] Martim Marcos, David, (UNED). “Ter o Archiduque por Vezino”. La jornada a Lisboa de Carlos III en el Marco del Conflito Sucessorio de la Monarquia de España, in “Hispania” Revista Españolade Historia, 2012, vol LXXII, Núm, 241, Mayo-Agosto, pág. 453-373 Issn: 0018-2141.

[6] Parnell, The Hon. Coronel Arthur, The War of the Succession in Spain: During the reign of Queen Ann 1702-1711, George Bell & Sons, Londres, 1905.



A conquista e a ocupação de Alburquerque 

As tropas tomam, depois, a direção de Alburquerque onde chegam a 13 de Maio de 1705 e iniciam o ataque a 16 desse mesmo mês.

Em consequência do assalto e comportamento das tropas da coligação em Valência de Alcantara que foi posta a saque, a esperança de trazer a população de Alburquerque e autoridades para o campo dos Habsburgos sofreu um novo contratempo e quando os magistrados da cidade foram convocados para se declararem por Carlos III, responderam enfaticamente que preferiam morrer pelo Rei Felipe se tal fosse necessário.[1]


Imediatamente após a chegada das tropas, o “burgo” (vila extramuros) é abandonado e a população refugia-se na Villa Cerrada (vila muralhada). Pouco tempo depois o muro é aportilhado facilitando a entrada na vila e começam os trabalhos de assédio do castelo. Não há que esquecer as recusas insistentes de entrega da praça.

Imagem lateral: Cavaleiro Português. Membro do Regimento de Cavalaria de Lisboa. Uniforme de cavalaria de linha: jaqueta, colete, calção até aos joelhos e gola. O que fazia a diferença era o equipamento com a bandoleira, os guantes e as botas altas com esporões e salto alto com joelheiras robustas. Poderia ser este a farda usada por Lopo Fernandes Tavares, ou outra semelhante.

Sabe-se, com grande detalhe, o que estava disponível para a defesa da cidade[2]. Identifica-se o Castelo e a fortaleza de Alburquerque com a sua construção na orografia do terreno. Conta-nos que foi construído numa eminência de rocha descoberta no terreno, sendo inatacável e inacessível por algumas partes sendo que a “[en]costa” do lado da Vila, a norte, é a “única mais fácil de subir”. Tem “dos padrastos” [pontos altos], um no caminho de Badajoz e outro no caminho de Valencia que deveriam ser fortificados para impedir o inimigo de se estabelecer neles com artilharia. O interior do castelo não tem nenhuma casamata ou paiol a não ser a possibilidade de um torreão e uma ermida com abóbadas de pedra que poderiam ser terraplanados com mais cinco metros de terra. Nenhuma das três cisternas existentes está capaz e a pouca água que têm está corrompida mas com pouco custo e cuidado poderiam dar bastante água para prover a guarnição. Tem um moinho mas não tem nenhum forno. O que separa a Villa do Burgo é um pano de muralha simples sem adarve nem fosso sem baluartes tendo só algumas torres que dão pouco ou nenhum fogo. O burgo, fora da muralha, não tem qualquer proteção a não ser muros de tijolo de barro secados ao sol.

Planta de Alburquerque: Castelo e villa. Não está contemplado o Burgo.
1) Castelo, 2) Igreja de Santa Maria del Mercado, 3) Porta de Badajoz, 4) Igreja de San Mateo, 5) Arruado da Villa, e 6) Porta de Valência.

Um dos maiores problemas da villa cerrada e do burgo era o povo ter que ir moer a farinha à raia de Portugal pelo que deveriam ser obrigados todos os vizinhos a terem uma reserva de farinha para 15 ou 20 dias.

Antes do ataque, o castelo de Alburquerque tinha sete peças de artilharia de bronze, duas montadas nas suas carretas com rodas e as restantes incapazes por não terem carretas em condições.

Tinham 3000 granadas carregadas sendo que dessas, 2000 estavam carregadas desde as guerras passadas e as restantes carregadas de fresco. Todas as 339 bombas, cuja maioria são bombas de 4 (28%), não estão em condições, sendo que 10% estão vazias e 90% carregadas desde as guerras passadas [Restauração 1668]; 400 balas; 800 arrobas de pólvora em barris e caixas de madeira em que foi pesada; 2000 arrobas de corda sendo que metade está podre. É estranho não serem referidos morteiros que usam essas balas.

Porta de Badajoz ou Porta da Vila (área muralhada) com a placa de mármore com o brasão de Afonso Sanches do lado da entrada. Do lado da saída o nicho do caminho de ronda, por cima da Porta de Badajoz, com acesso ao postigo superior, (fotos do autor, 2019). 
No que respeita ao armamento foram inventariadas 70 picas de duas pontas, 22 foices de cabo grande, 70 partesanas (lanças de lâmina larga), 800 picas novas, 300 arcabuzes, 100 fuzis e 200 arrobas de pregos e cravos.

Referindo-se a municiones de boca como alimentos informa que há reservas de farina de trigo para 4 dias. Não há nem cevada ou trigo em grão.

Castelo de Alburquerque com a sua torre de menagem. Vista de Sul para Norte.
Situada numa escarpa só acessível por um dos lados, tem em sua defesa 800 tropas espanholas comandadas pelo coronel José (ou Domingo) Losada com a sugestiva alcunha o cara de perro ― “cara de cão”.

Em 1705 as tropas do Arquiduque tomaram o Castelo de Alburquerque, o seu alcaide Domingo de Losada rende-se quase sem opor resistência.

Por fim, foram concertados os termos da rendição, entrega con honores, o que significa que toda a guarnição pode sair com o seu armamento, um canhão com a mecha acesa e bala na boca (o que quer dizer que saem com as peças preparadas para fazer fogo e combater). É uma forma de guardar a honra dos combatentes frente a um inimigo muito superior. Entre a chegada e a rendição passaram escaços 9 dias.

Gravura de Alburquerque Extremadura - Guerra de Sucessão - batalha de 1705. Vista de Alburquerque, Extremadura. Dominando a estampa situa-se o castelo de Alburquerque, uma das mais impresionantes fortalezas medievais da Europa. Apresenta o momento do assédio das tropas que apoiam o Arquiduque Carlos de Áustria, pretendente à coroa de Espanha, dirigidas pelo general português Conde das Galveias face às tropas que apoiam Felipe V. Autor: Merian. Ano: circa 1720. Medidas do gravado: 18x15 cm || ALBUQVERQUE eine an der gr"anzen von Portugallohnweit Elvas || gelegene Stadt unterwirft sich K"onig Carl III den 10 Jum [sic] 1705 || s.n.t. 1 est. gravada a buril(15,2x18 cm) in 4*[Noticia dos sucessos militares entre as Armas Portuguezas, e Castelhanas, reynando em Portugal. . . D. Pedro II. T. II, n. 7, f. 21] A estampa, sem assinatura, representa a tomada de Alburquerque, cidade próxima a Elvas, pelo rei Carlos III. Deve ter sido gravada na Alemanha. O título aparece na margem inferior. http://docplayer.com.br/87296399-Anais-biblioteca-nacional-vol-92-divisao-de-divulgacao.html

Carta da Rainha de Inglaterra [Catarina de Bragança], Rainha Viúva, regente de Portugal por seu irmão Pedro II, ao Conde de Corzana sobre a conquista de Albuquerque de 26 de Maio de 1705.

Conde de Corsana, Eu a Raynha da Grand Bretanha, Infante de Portugal, como Regente destos Reynos e senhorios no impedimento do Sr. Rey D. Pedro, meu irmão, vos ínvio muito saudar. O Conde de Galveas, do meu Consejo de Estado e Governador das armas dessa província, me deu conta que em vinte do corrente capitulara e se rendera à praça de Albuquerque; e como o valor e actividade tiveraõ tanta parte no logro desta empresa, fui servida mandarvos agradecer, como por esta faço o bem que nella procedestes; e á el Rey Catholico meu bom irmão e sobrinho insinuarei a particular estimação, que faço do vosso merecimento, e fio das obrigações com que nascestes, vos habreis em todas ocasiões que se oferecerem do meu serviço e da causa comum… Lisboa, 26 de Maio de 1705. (a) Rainha.[3]

A partir de 1707 a guerra começou a favorecer Felipe V mas na província da Estremadura Espanhola prosseguiriam os combates e as devastações até 1711. Muitas localidades da Estremadura como Burguillos del Cerro, Alcántara, Valencia de las Torres ou Valverde del Fresno, perderam mais da metade de suas casas e, em alguns casos, quase metade da sua população. O processo de recuperação desta guerra será longo e difícil.

A praça de Alburquerque manteve-se na posse de Portugal até ao fim da guerra. Contrariamente ao que aconteceu nas praças tomadas anteriormente, La Codosera, San Vicente e Valencia de Alcântara onde foram destruídas todas as obras defensivas, em Alburquerque foi construída uma linha de redientes nas faldas do castelo em direção à povoação com quatro corpos informes de desenho angular unidos por cortinas ou panos de muralha com o objetivo de servirem como plataformas de artilharia[4].

Durante quase uma década foi uma praça-forte portuguesa durante a Guerra de Sucessão Espanhola (entre 1705-1715), só devolvida com o Tratado de Utrecht. As negociações de paz de Portugal com Espanha e França resultaram de um processo que durou cerca de três anos, chegando ao fim apenas em 1713 com a França e em 1715 com a Espanha. O acordo entre Portugal e França tinha como objetivo restabelecer o domínio português sobre a região de Cabo Verde. Já com a Espanha, Portugal buscou recuperar o controle sobre as praças de Albuquerque e Puebla e sobre a Colónia de Sacramento na América do Sul. 

[1] Falkner, James, The War of the Spanish Succession, 1701-1714, Pen & Word Military, CPI Group (UK), Croyden, 2015, p. 93.

[2] Memoria del Estado de la Plaza y Castillo de Alburquerque y de la artillería y municiones de Guerra y de boca que hay en ella”, in Meléndez Teodoro, Álvaro, Alburquerque 1704-1705. Notas militares, Revista de Estudios Extremeños, Vol. 63, n.º 2, 2007, p. 933-950.  https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3300105 (Out 2019).

[3]  Rodríguez Villa, Antonio, "Don Diego Hurtado de Mendoza y Sandoval, conde de la Corzana (1650-1720): Estudio histórico", Imprenta de Fortanet, Madrid, 1907, p. 205.   https://archive.org/details/dondiegohurtado00villgoog/page/n6 (Outubro 2019) 

[4] Rosado, Moisés Cayetano, Fortificaciones Abaluartadas en la Raya. Conformación, Evolución y Valoración Actual (p. 13-54), p. 20 in “O Pelourinho, Boletín de Relaciones Transfronterizas, N.º 18, 2.ª Época, Badajoz, 2014, p. 20.


Segunda parte

Juana del Risco, (Minha 8.ª avó)

"En la villa de Alburquerque en 14 del mes de octubre del año de Nuestro Señor de mil seiscientos y ochenta [1680] yo el Licenciado Don Francisco Lázaro de Valera, Arcipreste Rector y cura propio de dicha villa, bauticé en la iglesia parroquial de Nuestra Señora Santa María del Mercado y puse los santos oleos a JUANA hija legítima de Pedro García Risco y de Doña Juana del Risco, su mujer, vecinos y naturales de esta dicha villa y parroquianos de esta dicha parroquia, nació a 2 días del mes de Mayo próximo pasado. Fue su padrino Don Antonio de León a quién amoneste la cognación espiritual siendo testigos Don García Bernardes y Don Juan de Mena Sequera, y lo firmó.

Assento de batismo de Juana del Risco, "Archivos Eclesiásticos de Mérida-Badajoz", Bautisos Carpeta, n.º 6 (1 de Janeiro de 1680 al 25 de Diciembre de 1699) p. 10."

Pia batismal da Igreja de Santa Maria del Mercado em Alburquerque, (foto do autor, 2019).

Juana del Risco teve outros irmãos, também eles batizados na mesma pia. Foram encontrados :

1) María, n&b a 23 de Maio de 1675, hija legítima de Pedro Risco del Manzano e de Doña Juana del Risco y Melena su mujer a la qual havian bautizado en caso de necesidad, vivian en el arrabal [fora das muralhas]. Fue su Padrinho el capitan Diego García Melena, fueron testigos Don Franisco de Olios y Don Luis? de Ávila.

2) Isabel Preciado del Risco, n. a 13 e b. a 27 de Janeiro de 1677, hija legítima de Pedro del Risco de Mançano y de Doña Juana del Risco y Melena su mujer, vivian en el arrabal. Su padrino Don Juan Gonzalez? Maldonado a el qual admonesté la cognación espiritual, fueron testigos Don Alonso de ??? e Don Feliciano Gallego en fé de lo qual lo firmé. (a) Blás Martin Vinagre. Casou com Francisco Suarez de Quiñones com descendência.

3) Juan, n. 24 de Junho e b. 16 de Julho 1678, hijo legítimo de Pedro Martin Risco del Mançano, vecinos y naturales de esta villa y parrochianos de dicha parrochia. Fue su padrino D. Francisco de la Rocha, Caballero del Hábito de Santiago a quién amonesté la cognación espiritual. Fueron testigos D. Lucas de la Rocha y el Licenciado Padre Donzel de Figueroa, cura de dicha iglesia y lo firmé. (a) Francisco Lázaro Valena.

4) Juana del Risco, acima casada com Lopo Fernandes Tavares, que segue.

5) Francisca, n. a 1 de Julho e b. 4 de 1682, sendo padrino Don Juan … a quién amoneste la cognación espiritual siendo testigo Don Pedro de Moscoso, Don García Barrantes y Don Manuel de Amaya.

6) Pedro, n. 29 de Abril e b. 4 Julho de 1684, sendo padrino D. Juan del Manzano a quién amonesté su cognación espiritual siento testigos Don Pedro Ponce de León y D. Martin Preciado. De notar que o pai aparece referenciado como Pedro García del Manzano, o que está correcto. Já veremos como.

7) Catalina, n. 13 de Agosto e b. 9 de Outubro de 1686, sendo padrino Juan García del Mançano (provavelmente tio paterno ou o irmão da nascitura) el qual amonesté su cognación espiritual, siendo testigos D. Melchor Galán y Francisco Lázaro. As mesmas referências aos apelidos paternos referidos.

8) Catalina, n. 17 e b. 25 de Julho de 1688, sendo padrino el Excelentísimo Señor D. Antonio de Zúñiga y La Cueva, Conde de Castañeda a el cual amonesté la cognación espiritual siendo testigos Don Antonio Rodríguez de León y Don Francisco de la Rocha y BustamanteAs mesmas referências aos apelidos paternos referidos.

Perspetiva do interior da igreja de Santa Maria do Mercado, em estilo mudejar, de três naves, em silharia de pedra, (foto do autor, 2019).

Casamento dos pais de Juana del Risco 

Neste época, à semelhança do que era uso e costume em Portugal, nestes assentos da raia é repetidamente escrito nos assentos de casamento que previamente ao acto, “y habiendo hecho las três moniciones que manda el Santo Concilio de Trento a la estación del ofertório de la misa mayor”…

Ora nas Constituições do Bispado de Leão escreve-se “Que não se façam matrimónios clandestinos sem serem precedidos das três moniciones [proclamas] porquanto o Santo Concilio de Trento (1545-1563), declarou por nulos os casamentos que se fizerem sem estar presentes o pároco e as testemunhas. Se por acaso alguém tentar fazer estes casamentos, os curas, logo que saibam da notícia, os expulsem das horas [preces, orações] e ofícios divinos até que conste que se tenham apresentado às autoridades eclesiásticas ou ao nosso Provisor, e levem licença para serem novamente admitidos; e ainda, mandamos aos ditos curas não assistam a nenhum matrimónio sem que PRECEDAM AS TRÊS PROCLAMAS que manda o Santo Concílio, e que se quando as fizerem, alguém declarar haver impedimento entre os que se querem casar, não se prossiga sem que, com a comissão do Ordinário, se averigüe se há ou não; e se os contraentes forem de duas paróquias de um mesmo lugar, ou de diferentes lugares, sejam feitas as proclamas em ambas paróquias e lugares; e se um deles ou ambos forem de outro Bispado que não se faça o dito casamento até que se tenha para isso licença nossa ou do nosso Provisor, e se depois de feitas as três proclamas estiverem dois meses sem se casarem, que as voltem a fazer de novo antes que se cheguem a casar como é o disposto no Novo Ritual de Paulo V”. (Traduzido do espanhol).[1]

A igreja exigia a presença de um padre e de duas testemunhas e separou temporariamente as celebrações do casamento e da vigília (velada em espanhol), de acordo com a terminologia da época, e que se referem à celebração do casamento em facie ecclesiae ("na forma de igreja") e à receção das bênçãos nupciais.

No ato da tarde, uma vela e um jugo eram usados. Os dois padrinhos estavam envolvidos e eram colocados de cada lado do casal. Todos seguravam velas nas mãos, os noivos estavam cobertos com mantos, a mulher totalmente e o homem deixando a cabeça exposta, o que representava que ele era livre. Um fio de jugo também era colocado sobre a noiva e o noivo. Às vezes, o ato da "velação" não era realizado no mesmo dia do casamento; se isso acontecia, dizia-se que eles eram apenas "meio casados" e tentavam ser velados noutra cerimónia com outro casal. O termo "velado" deriva do fato de que eles eram cobertos com um véu durante o ritual. 

Velaciones Séc. XVIII, XIX e XX.
Uma vez casado e velado, o casal consente na consumação do casamento e a partilhar de uma mesa, da casa e da cama; mas quando falta a vigília (ou velada), a porta fica aberta à possibilidade de um estranho divórcio, uma vez que o casamento não foi consumado, e como Deus não os uniu, o homem pode separá-los.

[1] [https://books.google.pt/books?id=_X8Qse0errcC&pg=PA30&lpg=PA30&dq=las%20tres%20moniciones%20matrionio&source=bl&ots=gVqGPl2iOd&sig=ACfU3U3ubz3CmcpCsQOT3McXHIQbTn7jlA&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwjo85Lyh4PlAhV5AmMBHfxjABoQ6AEwCnoECFsQAQ&fbclid=IwAR1FmuxErZJq35vMw8_XfnpssWw3_Op_gvaXySq6FHZKwAPp0fIYOoINESE#v=onepage&q&f=false]

[1] Texto original: La iglesia exigía la presencia de un sacerdote y dos testigos, y separaba temporalmente las celebraciones de la boda y de la velación, según la terminología de la época, y que hacen referencia a la celebración matrimonial in facie ecclesiae ( "en la forma de la iglesia"), y a la recepción de las bendiciones nupciales.


Igreja de Santa Maria del Mercado, Alburquerque, a 100 passos da muralha do Castelo de Luna, (foto do autor, 2019)


Assim, do título do assento de casamento dos meus 9.º avós consta: 

Pedro García del Mançano y del Risco con Doña Juana del Risco y Melena (Cota marginal: velados)
MATRIMÓNIO 28 Out 1674: En el año del señor de mil seiscientos e setenta y quatro años en 28 días del mes de octubre habiendo hecho las tres reuniciones que manda el Santo Concilio de Trento en tanto que se decía la misa mayor y no habiendo resaltado impedimento legítimo más de ser parientes por sangüinedad más de ser parientes en tercer grado de que dispensas han salido y están en mi poder la diligencia del público en que me mandan por auto hice que les cazasen yo Ascencio Domínguez Romero, cura dela Iglesia parroquial de Nuestra Señora Santa María del Mercado de esta villa, recibi y velé a Pedro García del Mançano y del Risco hijo de Pedro García del Mançano y de María Rodríguez del Risco su mujer, con Doña Juana del Risco Melena hija de Domingo Sánchez del Risco y de Doña María Melena su mujer, todos vecinos y naturales y parroquianos de esta parroquia, y habiendo preguntado y teniendo su mutuo consentimiento y siendo presentes por testigos el Licenciado don Felixiano de Frias e el Licenciado Pedro Donzel presbíteros de esta villa, en testimonio de lo cual lo firmé. (a) Ascencio Domínguez Romero.

Como se pode ver neste assento, as discrepâncias do nome do pai da Juana del Risco que nos interessam, tiveram origem no facto de os pais serem primos em 3.º grau de consanguinidade.

De acordo com os assentos dos primeiros filhos nascidos deste casamento, Pedro García del Mançano e Doña Joana del Risco Melena, viveram nos arrabaldes da cidade, conforme se pode ver na seguinte imagem onde os arrabaldes vêm marcados com a letra "C". De notar na imagem o edifício assinalado com a letra "L" é referente à Igreja de San Mateo onde fora batizada Juana del Risco y Melena mãe da Juana del Risco que veio para Portugal. 

Plano de la Plaza de Alburquerque [1750], su Castillo y Arraval (detalhe) [Ar.G bis-T.2-C.3-183], Archivo Cartográfico de Estudios Geográficos del Centro Geográfico del Ejército de España.

Relativamente a Pedro García del Mançano (ou Manzano) há três informações adicionais:

1) O assento provável de nascimento de muito difícil leitura:


En la villa de Alburquerque a 17 del mês de Marzo de 1651 años yo el Padre Francisco del Pilar, cura de parrochial de Santa María del Mercado puse los olios a PEDRO hijo legítimo de Pedro García Manzano y de Maria Fernandez del Risco a quién en caso de necesidad baptizo en casa Catalina Martin. Fue su padrinho en la iglesia a ponerse los olios Andrés García del Risco siendo testigos Juan Vinteño de Sandoval y Blás Díaz, presbítero. (a) Padre Francisco del Pilar. 

Sabemos que faleceu antes de 1692. Veja-se nota na sequência do assento de nascimento da mulher, abaixo.

2) Num documento datado de 1687 onde este nome é referido e se diz Información practicada a petición de Pedro García del Manzano, capellán de la capellanía que fundó Francisco de Águeda [y Ana García] en Saelices [Saelices el Chico, Salamanca], para determinar las rentas que tiene la capellanía por no ser suficiente la congrua respecto al número de misas que tiene asignadas. Arquivo da Universidade Pontificia de Salamanca, Archivo Histórico, Caja 133, Carpeta 33, (6 folhas).

No que dia respeito à mãe de D. Juana del Risco Melena, encontrámos o seu assento de batismo pelo que casou com 13 anos de idade: 

En el mismo día (26), mes y año 1661, yo Juan Fernandez Villas cura de esta parochial de Senhor San Mateo, baptisé i puse los Santos olios a Juanna hija de Domingo Sánchez Risco, y de Doña Maria Melena su mujer, y declaró su madre haber nasido a 17 de dicho mes de Mayo. Fue su padrino Andrés Sánchez Risco León, a quién admonesté la cognación spiritual. Fueron testigos D. Martin Preciado y Francisco Sánchez sacristán, y en fé de ello lo firma (a) Julio Fernandez Vivas.

Existe um documento no qual se informa do estado civil de ambos: Traslado de una escritura de venta, realizado por Jerónimo Corrales, fechado en Alburquerque, 26 de agosto de 1693. La escritura trata sobre la venta de dos partes de una casa que Juana del Risco, viuda de Pedro García del Risco, vende a Juan Galván, Pedro Rodríguez y Francisco Ruiz Arias. Fechada en Alburquerque, 30 de septiembre de 1692[Dos traslados de la misma escritura de venta de una casa situada en el arrabal de la villa de Alburquerque (1693-1697) Documentos Públicos Siglo XVII, Alburquerque, Badajoz. 213 pág.] http://ciconia.gobex.es/biblioteca/es/consulta/registro.cmd?id=262


 
Nave central da Igreja de Santa María del Mercado, Alburquerque, (foto do autor, 2019).

No Nobiliario de Estremadura aparece esta entrada referente a Domingo Sánchez del Risco, avô da nossa Juana del Risco.

 (Vcs= vecinos) in Barredo de Valenzuela, Adolfo, Nobiliario de Extremadura, Hidalguia, Madrid, 2002, p. 61.

Já no que diz respeito aos avós da nossa Juana del Risco há bastantes mais dúvidas. Devido ao número de cadeiras de investigação no Arquivo = 10 e à necessidade de reserva desses lugares com antecedencia de mais de um mês, não me foi possível levar a investigação mais longe em 3 manhãs. Ainda assim já temos um caminho aberto. Aqui vão uns quantos assentos interessantes. No entanto há que ter em conta a repetição de apelidos e nomes e a consanguinidade da parentela.

Casamento de Domingo Sánchez del Risco com María Melena

(1646) En 23 días del mes de Diciembre de 1646(¿) años, yo Blás Días Guillero, cura, recibo en facie eclesiástica mum concilio tridentino ritum a Domingo Sánchez del Risco con Juana Gonçalez Henriques, viudos, vecinos de esta villa, lo firmé siendo testigos Pedro Sánchez Peñaranda y Francisco Sánchez Quitino. (a) Blás Días Guillero.

Casamento de Domingos Sanchez del Risco com Dona Inés de Salazar (San Mateo?)

(1661) En el año del señor de 1661 años, en trece días del mes de Septiembre, habiendo hecho las tres municiones que manda el Santo Concilio de Trento a la estación del ofertorio de la misa mayor en tres días festivos y no habiendo resultado impedimento en ambas parroquias, yo Francisco Sánchez Ortega, cura de la Parroquial de Nuestra Señora Santa María del Mercado, recibí y vele a Domingo Sánchez Risco, viudo de Doña Inés de Salazar parrochiano de Señor San Mateo[1], con María Havela (¿) viuda de Alonso Días, parroquiana de dicha parroquia, vecinos de esta villa de Albuquerque, habiendo preguntado a ambos y teniendo su mutuo consentimiento, siendo presentes por testigos Juan Ortega y Juan Gutiérrez Havela, vecinos de dicha villa en testimonio de lo cual lo firmé.

(1670) En el año de mil e seiscentos y setenta años en diez y seis días del mes de Agosto habiendo hecho las tres municiones que manda el Santo Concilio de Trento en tanto que se decía la misa mayor e no habiendo resultado impedimento legitimo yo Ascencio Domingo Romero cura de la parroquia de nuestra señora Santa María del Mercado de esta villa de Alburquerque recibí y vele a Domingo Sánchez del Risco viudo de Maria Havela, con Ana Ximenes, viuda de Domingo Sánchez Calça, todos vecinos de esta villa y parroquianos de esta parroquia y habiendo preguntado a ambos y teniendo su mutuo consentimiento, siendo presentes por testigos Francisco García Lozano y el capitán Juan Henriques vecinos de esta villa, en testimonio de lo cual lo firmé (a) Ascencio Domingues Romero.

Há que ter em atenção que podem haver vários Domingo Sánchez del Risco e não ser necessariamente a mesma pessoa.


[1] Nota do Autor: a outra paróquia extramuros de Alburquerque.


No Nobiliário de Estremadura consta a informação seguinte:


Ampelio Alonso de Cadenas y Robles, Adolfo Barredo de Valenzuela y Arrojo, “Nobiliario de Extremadura”, Instituto Salazar y Castro, Ediciones de la Revista “Hidalguia”, tomo IV (Letras Parrilla-Ruvio), Madrid, 2001, pág. 110 y 167.


Nesta imagem anterior vem a indicação da proeminencia dos personagens com estes sobrenomes no contexto de vida cívica da cidade.
Escudo da família del Risco de acordo com as armas.

Outras familias houve que levaram outro apelido para o Algarve apesar de ter sido feito pela mesma via. Um neto de Juana del Risco (e de Lopo Fernandes Tavares), de seu nome Pedro del Risco Tavares teve uma filha à qual foi posto o nome de Dona Leonor Preciada de Rebelo. Teve outra neta, também filha de Heitor de Leão Banha que foi chamada Joana Preciada del Risco e que casou nas segundas núpcias de seu primo Vicente Rebelo da Fonseca.

Seguem-se algumas informações sobre a família de apelido PRECIADO, também de Alburquerque, onde aparece este apelido na família de Lagos. Não sei qual a ligação que assim determina o seu uso.


Escudo da família de acordo com as armas.

Esta ligação também está por esclarecer.

Para referência futura existem umas provanças de Juan de Amarilla Y Preciado, Caballero Y Ruiz, governador da província e da vila de Valência de Alcântara, e coronel de cavalaría, nascido em Albuquerque a 27 de Dezembro de 1786. Uma das testemunhas no processo foi Juan-Cayetano del Manzano, Fidalgo, Senhor de Cedeira.

Filho de Francisco de Amarilla y Huertas, nascido em Alburquerque a 29 de Janeiro de 1761, Alcalde de la Hermandad por el Estado Noble, tinha o foro de fidalguia de acordo com os censos de 1784, 1786 e no Livro Capitular para 1788. Casou em Alburquerque a 19 de Março de 1783 com Joaquina Preciado y Figueroa, também ela nascida em Alburquerque a 4 de Março de 1760.

Neto paterno de Diego de Amarilla, nascido em Alburquerque a 16 de Outubro de 1730, com foro de fidalguia pelo censo de 1775 e de 1766. Em 1780 era fidalgo regedor. Casou em Alburquerque a 26 de Novembro de 1757 com Isabel Caballero y Huertas nascida na mesma vila a 22 de Setembro de 1730.

Neto materno de José Preciado y Figueroa, nascido em Alburquerque a 26 de Novembro de 1717, regedor da vila de Alburquerque em 1780 com foro de fidalgo. Casou na mesma vila a 5 de Julho de 1742 com María Ruiz Paz Plano, aí nascida a 10 de Outubro de 1717.

Bisavós paternos paternos. Diego Jacinto Amarilla, com foro de fidalgo de acordo con a certificação de 20 de Setembro de 1735 e Alcalde da Hermandad em 1728, testou a 5 de Março de 1733 filhos Mateo e Diego. Casou em Alburquerque a 19 de Fevereiro de 1730 com María Chumizo Diamante.

Bisavós paternos maternos. Luís Caballero Huertas, nascido em Alburquerque, com foro de fidalgo no censo de 1729. Casou em Badajoz a 9 de Maio de 1722 com Isabel Bajori, natural dessa cidade. Testou em Albuquerque 27 de Agosto de 1773 filhos: Pedro, Francisco, Domingo, Tomasa e Isabel.

Bisavós maternos paternos. Baltasar Preciado, foro de fidalgo no censo de 1729, reconhecido por alvará de 18 de Janeiro de 1733 em Granada. Casou em Albuquerque a 30 de Dezembro de 1716 com Isabel Tarzosa falecida em Alburquerque a 1/2/1763. Filho: José.

Bisavós maternos maternos. Pedro Ruiz Plano, com foro de fidalgo. Regedor fidalgo nobre, falecido em 1753 Filhos: Pedro e María casada con José Preciado y Figueroa. Casou em Alburquerque a 14 de Janeiro de 1703 com Juana Ruiz Ximénez.

In Vicente de Cadenas y Vicent, "Caballeros de la Orden de Alcantara que efectuaron sus pruebas de ingreso durante el siglo XIX, Edicciones Hidalguia, Madrid, 1956, p. 134-136, [Exp. 113. Ano 1825].

Ainda mais uma pista.
Juana Preciado y Risco, casada com Francisco Suárez Quiñones, ambos de Alburquerque tiveram uma filha Inés Suárez de Quiñones Osorio y Preciado nascida em Alburquerque a 3 de Fevereiro de 1742 e que casou na mesma cidade a 1 de Abril de 1764 com Alonso Barrantes Manuel de Aragón y Cuellar batizado em Valência de Alcantara a 13 de Abril de 1764, e que foi Regedor com voto das Cortes de 1794, Alcalde de la Hermandad em 1794, fidalgo nos censos de 1785.

In http://www.euskalnet.net/laviana/gen_hispanas/barrantes_2.html (Fevereiro 2022) e In Vicente de Cadenas y Vicent, "Caballeros de la Orden de Alcantara que efectuaron sus pruebas de ingreso durante el siglo XIX, Edicciones Hidalguia, Madrid, 1956, p. 223-228, [Exp. 207. Ano 1859    ].



Processo que Juana del Risco pôs a Lopo Fernandes Tavares

Ora agora passo a contar a parte mais interessante desta história toda. Lopo Fernandes Tavares comandava um terço de cavalaria e esteve envolvido no assalto a Albuquerque onde deve ter permanecido algum tempo, senão um par de anos. Uma vez que só as tropas castrenses se renderam, a maior parte da população deve ter ficado subordinada às novas autoridades portuguesas. Lopo deve ter tido oportunidade de noivar com as cachopas locais, as de maior folha, pelo que se comprometeu verbalmente em casamento com Doña Juana del Risco. Lopo ao abandonar a cidade em virtude das suas obrigações militares deve ter permanecido sem dar alvíçaras durante o tempo suficiente para mobilizar a defesa da honra núbil comprometida de Doña Juana del Risco a tal ponto que protestou junto do rei que lavasse a sua honra metendo Lopo na cadeia do Limoeiro, em Lisboa, até que cumprissse a sua palavra. Sabemos que em 1710 Lopo estava em Loulé com o seu terço e se tinha desobrigado (confessado e comungado na Páscoa) conforme exigência da Religião Católica Romana para a celebração subsequente do matrimónio, assim como o tinha feito no ano pretérito de 1709 na igreja de Santa Maria, na Vidigueira. Vejamos os documentos.


Numa carta escrita desde Lisboa, a nossa Doña Juana del Risco escreve uma petição por alvará datada de 15 de Abril de 1711, com o teor seguinte:

Nota: Nesta data já há mais de 6 anos que Alburquerque pertencia a Portugal pelo que os seus habitantes eram cidadãos portugueses e não se previa que alguma vez voltasse a ser española.

...Seguimos:

Diz o Sargento Mayor, [Lopo Fernandes Tavares] natural da cidade de Lagos, Reino do Algarve, filho de Heitor de Leão [Banha] e de sua mulher Maria Rodrigues Pereira, batizado na freguesia de São Sebastião da dicha ciudad e viudo de su primera muger, Dona Francisca, prezo na cadea desta ciudade, a requerimento de Dona Juana del Risco, natural da villa de Alburquerque, Reino de Castella, batizada en la freguesia de Santa Maria [del Mercado] da dicha Villa, por tenerle dado palabra de casamento y por quanto él replicante está pronto a cumplirsela y provisto a salir a campo y quiere justificar de que es libre y desembarazado y no tener impedimento alguno,

Pido a Vuestra Senhoria sea servido admitir al suplicante la justificación que expresa arriba y constando no aver impedimento concederle la licencia que pide para celebrar el Santo Sacramento del matrimónio etc. E Receberá Mercê.

Justifique e disponha

Aos trinta dias do mês de Março de mil setecentos e onze anos [1711] nesta cidade de Lisboa no escritório da Companhia aonde eu escrivão dela com Bernardo Castanheda Raposo en que fizemos a justificação seguinte:

Depoimento do justificante

Jurou sobre os Santos Evangelhos Lopo Fernandes Tavares batizado na Freguesia de São Sebastião da cidade de Lagos, Bispado do Algarve, filho de Heitor de Leão e de Maria Rodrigues de idade de 40 anos e prezo no Limoeiro desta cidade e se desobrigou a quaresma passada em a freguesia de Loulé do Bispado do Algarve, de [mil] setecentos e nove na freguesia de Santa Maria da Vidigueira, viúvo de Joana Francisca com quem se recebeu na Freguesia de São José[1] do lugar de Budens, termo da dita cidade de Lagos e esteve casado com ella treze ou quatorze anos e haverão sete que é falecida[2] e está sepultada na Igreja de São Sebastião da dita cidade e assistiu à sua morte, e para casar com Dona Joanna del Risco, solteira, filha de D. García del Risco e de Dona Joanna del Risco, moradora na Freguesia de Nossa Senhora dos Mártires desta cidade, com quem está contratado, depõem de sua livre vontade, he solteiro, digo, he viúvo e livre, não tornou a casar, jurar nem comprometer com outra mulher nem fez voto algum e assinou com o inquiridor Manuel Martins da Rocha o escrevi (a) Lopo Fernandes Tavares, Bernardo da Costa Raposo. 


 Assinatura do Lopo Fernandes Tabares no documento anterior, 1711.

Estas declarações foram sujeitas a inquérito/petição de testemuhas que se limitaram a concordar com as declarações de Lopo. Ainda assim, passo a emunerá-las com algum dado mais particular:

Bartolomeu da Fonseca Lobo, sargento maior da cidade de Silves e seu termo, assistente na cidade [Lisboa] em casa do Conde de Avintes, freguesia de Nossa Senhora da Pena de idade de quarenta anos pouco mais ou menos, .... sabe que ele está prezo no Limoeiro desta cidade a instância de D. Joanna del Risco o que tudo sabe por ser seu natural...

Artur Mendes Henriques, bacharel formado pela universidade de Coimbra, assistente nesta cidade [de Lisboa] … na estalagem de Miguel de Aguiar freguesia da Madalena, de idade de trinta e dois anos testemunha jurado aos Santos Evangelhos, ... por o conhecer desde que he tenente e a dita defunta que viu ir a enterrar a sobredita igreja...

Francisco Fernandes Barbuda meirinho geral das almadravas do Reyno do Algarve, morador na cidade de Lagos y hora estante nesta cidade na Estalagem do Cachimbo, de idade de 25 annos, testemunha jurado aos Santos Evangelhos .... e que sabe por ser natural da mesma e a ver morta e enterrar na sobredita freguesia.

Conclusão da Petição: Artur Mendes Henriques hey por justificado ser o contraente viúvo de Joana Francisca falecida na cidade de Lagos por tanto se passe vista. 15 de Abril de 1711 (a) Manuel de Freitas …

 


[Outro documento com várias páginas respeitante à desobriga da Quaresma do ano anterior. 

Note-se que neste documento que parece o original do anterior houve maior cuidado na escrita dos nomes sendo que alguns dos dados são contraritórios.]

Por Alvará em 28 de Abril de 1711

Diz o Sargento mor Lopo Fernandes Tavares filho de Heytor de Leão e de Maria Rodrigues Pereira, e natural da cidade de Tanger e depois prezo na cadeya da cidade a instância de D. Joana del Risco, filha legítima de D. Pedro García del Risco e de D. Joanna del Risco y com quem está contratado para haver de casar e para o dito efeyto fizeram perante Vossa Majestade a justificação conteúda no sumário junto, e por que para ele ter efeyto lhe he necessário justificar em como satisfizeram ao preceyto da Quaresma do anno próximo passado.

Peço a Vossa Majestade lhe faça mercê mandar se lhe tome uma justificação na forma do estilo. E aos vinte e um dias do mês de Abril de mil setecentos e onze … nesta cidade de Lisboa……………. …………………. Bernardo da Costa Raposo em que ... a justificação seguinte:

Foi feito o pedido a D. João V: para verificar da desobriga na quaresma desse e do ano anterior.

Pedro ?Lúcio? …. …. ….. …..  em casa de Padre ?Cien fuegos? E nado do Conigo D. Francisco Fuestela(?) … de Nossa Senhora da Pena de idade dezassete para dezoito anos testemunha aos Santos Evangelhos, prometeu dizer a verdade. Perguntado pelo conteúdo na petição disse que bem conhece ao suplicante o Sargento mor Lopo Fernandes Tavares e sabe por ouvir dizer se desobrigara a Quaresma de setecentos e dez em a vila de Loulé aonde esteve com o seu terço que também se desobrigou o que sabe por ser seu natural e o tratar e comunicar.

Francisco Fernandes Barbuda meirinho geral das almadravas da Alfândega da cidade de Lagos e Vila Nova, hora assistente nesta cidade na estalagem do Cachimbo de idade de vinte e cinco anos, ... dice que bem o conhece e sabe que o Reo que he o próprio e se desobrigou em a Villa de Loulé com o seu Terço a Quaresma de setecentos e dez e que sabe por ser seu natural e saber que todo o terço se desobrigou na dita villa e mais não dice.

António Álvares que foi lavrador espanhol morador na Rua do Outeiro[3] em casa de D. Anna de Tamayo, Freguesia de Nossa Senhora dos Mártires de idade de trinta anos pouco mais ou menos testemunha jurada aos santos Evangelhos, ...  disse que bem conhece a justificante D. Joanna del Risco natural da Villa de Alburquerque e sabe que se desobrigou a quaresma de setecentos e dez em a freguesia de Santa Maria da mesma Villa y sabe por ser natural da mesma e conhecer que se desobrigou com o inquiridor Manuel Martins da Rocha e o escrevi. (a) Castanheda, [o lavrador assinou de cruz].

E tiradas as testemunhas fiz este sumário concluso ao Reverendo Doutor Juiz dos Casamentos Manuel Martins da Rocha o escrevi. Visto o que consta deste sumário hey por justificado haverem-se desobrigado os contraentes ambos na Quaresma do anno passado por tanto, se passe alvará. Lisboa 22 de Abril de 1711. (a) Manuel de Freitas Felipe(?)


Do lado de Dona Juana del Risco

[Outro documento com data de 15 de Abril de 1711]

Por Alvará em 15 de Abril de 1711.

Diz D.ª Juana del Risco, solteira, filha legitima de D. Pedro García del Risco y de su muger D. Joana del Risco, natural de la villa de Alburquerque, Reyno de Castela y bautizada en la freguesia de Santa Maria de dicha Villa, que a la suplicante se tiene dada palavra de casamento el Sargento mayor Lopo Fernandes Tavares, natural da ciudad de Lagos Reyno de Algarve y bautizado na freguesia de San Sevastian de dicha Ciudad y biudo de Juana Francisca, y para que se la cumpliese le tiene preso en Limoeiro desta ciudad, el qual esta ya pronto a cumplirsela, y por quanto quiere justificar con testimonios de como es libre y desembarazada.

Justificação

Pide a Vuestra Señoría sea servido admitir a la suplicante de la justificación que refiere y constando no se ter impedimento concederle licencia para celebrar el santo sacramento del matrimonio. Justifique e deponha. Aos trinta e hum dias do mês de Março de mil setecentos e onze anos nesta cidade de Lisboa nas casas de D. Anna de Tomayo na rua do Outeiro, Freguesia de Nossa Senhora dos Martires Bernardo da Castanheda Raposo em que comigo escrivão da Camara fizemos a justificação seguinte.

Depoimento da Justificante

Jurou sobre os Santos Evangelhos D. Joanna del Risco batizada na freguesia de Santa Maria [del Mercado] de Alburquerque, Bispado de Badajoz, filha de D. Pedro García del Risco e de D. Joanna del Risco de idade de vinte e seis anos e he moradora na Freguesia de Nossa Senhora dos Mártires para onde veio há três meses e se desobrigou a quaresma passada na sobredita freguesia de Santa Maria de Albuquerque e as mais [quaresmas], e para casar com Lopo Fernandes Tavares viúvo de Maria Francisca, prezo no Limoeiro desta cidade com quem está contratada depõem de sua livre vontade, he solteira e livre, não foi casada, jurada nem comprometida com outro homem nem fez voto algum e por ser tempo de guerra não pode correr banhos no seu natural e assinou com o inquiridor Manuel Martins da Rocha e o escrevi. (a) Bernardo de Castanheda Raposo. Seguem-se os depoimentos das testemunhas:

Dom Domingos Garcia Molano, capitão de infantaria morador na Rua do Outeiro, freguesia de Nossa Senhora dos Mártires, de idade de vinte e oito anos ... sabe que he a própria solteira e livre para casar e que sabe por ser seu natural conhecer a seus pais, e mais não disse nem do costume e assinou com o inquiridor Manuel Martins da Rocha o escrevi. (a) Castanheda, Domingo Garcia Molano.

Manuel Vaz, criado de Donna Ana de Tamayo, moradores em sua casa na Rua do Outeiro freguesia de Nossa Senhora dos Mártires de idade de vinte dous anos .... sabe que he a própria solteira e livre para casar e que fala por ser seu vizinho em a dita villa e conheceu a seus pais e mais não disse.

Tiradas as testemunhas fiz este sumário concluso ao reverendo Doutor Juiz dos Casamento Manuel Martins da Rocha o escrevi. Visto que consta deste sumário hey por justificado ser a contraente solteira e livre no seu natural para poder contrair matrimónio, por tanto se passe alvará Lisboa 13 de Abril de 1711 (a) Freitas.

Assinatura de Doña Joana del Risco no processo
Nota sobre a família do Juíz dos Casamentos referidos acima, da villa de Alburquerque,  que estava aparentado com os del Risco ― a teia de relações:
I. Francisco de la Rocha, natural de Alburquerque, que casó con doña Juana de Aldana, natural de Llerena (Badajoz) tuvieron este hijo: II. Pedro de la Rocha del Risco, natural de Alburquerque, que contrajo matrimonio con su prima hermana doña Antonia de Bustamante y de la Rocha, de la misma naturaleza (hija de Lucas de Bustamante, natural de Bedmar, villa de la provincia de Jaén, y de doña Inés de la Rocha. Natural de Alburquerque). Fueron padres de (III). Francisco de la Rocha y Bustamante, natural de Alburquerque y Caballero de la Orden de Santiago en 1680, [referido como padrinho da irmã de Juana del Risco, Catalina] (…) Una rama extremeña de Rocha pasó también a Portugal, quedando allí, (...) (in correspondência com Javier Alonso, "La Heraldica de Javier Alonso" https://heraldicajavieralonso.jimdofree.com/.

[Fim do processo.]

No quadro seguinte pode ser visto um esquema desta primeira parte da informação genealógica. O casamento de Lopo e Juana, os respetivos pais/sogros de cada um, os filhos e netos.


[1] Nota do Autor: Na realidade o orago é São Sebastião e não São José.

[2] De facto falecida a 30 de Março de 1703 em Lagos, sendo enterrada na igreja de São Sebastião de que era freguesa, casada com o Alferes Lopo Fernandes Tavares. ANTT, Lagos, São Sebastião, O-5-imagem 22.

[3] Actualmente rua Paiva de Andrade que passa por cima do Teatro de São Carlos até à estátua de José Chiado em Lisboa.

 

A genealogia dos Tavares

Nota: nesta genealogia que se apresenta relativa a Lopo Fernandes Tavares há uma cansativa repetição de nomes inteiros o que leva a confusões e dúvidas. Para ajudar, fazemos uma lista numerada da sequência das gerações para que mais fácilmente se possa acompanhar.

"Os ascendentes dos Lopes Tavares andaram servindo nas praças do norte de África e nas armadas da costa desde o Século XV até ao Séc. XVII e por isso foram sempre filhados da Casa Real e condecorados com a ordem de Cristo. (...) Alguns ramos passaram ao Algarve, outros à Beira, e finalmente outros haviam já ficado por terras de Espanha aquando da restauração. (...) [Independente]

  • Gaspar Lopes Tavares, Cavaleiro em Alcácer Seguér no Séc. XVI, casou com Isabel Tavares;
  • Lopo Fernandes Tavares I, filho do anterior, (f. <1601), Capitão e Cavaleiro Fidalgo da Casa Real e do Hábito de Cristo, casou com Joana Afonso de Araújo, em Tanger;
  • Lopo Fernandes Tavares II, filho do anterior, serviu em África e teve o mesmo foro e hábito de seu pai, casou a 18 de Abril de 1594 em Tanger com Brites Rodrigues filha de Lopo Mealha e Guimar Rodrigues; 
  • Lopo Fernandes Tavares III, Cavaleiro Fidalgo e Sargento-mor pago do regimento daquela cidade de Tanger; filho do anterior, falecido em Lagos, casou  em Tanger a 11 de Janeiro de 1633 com Isabel de Contreiras filha de António Rodrigues Adibe e de Maria Teixeira. (Isabel de Contreiras tinha um irmão de nome Heitor de Leão Banha.....)
  • Heitor de Leão Banha, filho do anterior, nascido em Tanger a 4 de Agosto de 1640 casou com Maria Rodrigues Pereira, de acordo com as declarações de seu filho;
  • Lopo Fernandes Tavares IV, filho (único?) do anterior nascido na freguesia de São Sebastião de Lagos, casou com Doña Juana del Risco, e faleceu em Lagos SS a 27 de Janeiro de 1729.
  • Heitor de Leão Banha, filho primogénito do anterior nasceu entre 1711 e 1712 e faleceu em Lagos SM 25 de Julho de 1774. Casou com Leonor Coelho de Vilalobos, filha de Vicente Ribeiro Cordovil e de Sebastiana Rebelo de Vilalobos, por onde entrou a representação dos Alfaqueques na família.
  • Lopo Fernandes Tavares V, filho do anterior, nasceu em Lagos, São Sebastião.

                         Nas seguintes gerações já não se repetem nomes completos.

Desde 1705, ― em que se fez o ataque a Alburquerque que as tropas portuguesas, entre outras, entraram na vila e a ocuparam até 1711 ― alguma coisa se deve ter passado entre Doña Juana del Risco e o Sargento-mor Lopo Fernandes Tavares IV. Se foi paixão em nome da paz entre invasores e invadidos, se houve forcejeo, ou outra qualquer situação que não inclua casamento obrigado, não sabemos. Sabemos que houve um comprometimento.

Provavelmente, em consequência do que se trata nos documentos anteriores, Lopo Fernandes Tavares e Joana del Risco devem ter contraído matrimónio na Freguesia dos Mártires no ano de 1711 depois de Abril data em que Lopo é autorizado a sair do Limoeiro. Uma das testemunhas dá conta que Joana del Risco deixou a vila de Alburquerque aproximadamente no início do ano de 1711 para vir para Lisboa reclamar o seu processo ao Rei. ... quem sabe se já com o Heitorzinho nos braços....

Sabemos que, com toda a probabilidade, o casamento dos dois ocorreu na Freguesia dos Mártires em Lisboa uma vez que Doña Juana, à data, está aboletada na mesma freguesia. O assento também não aparece registado na Freguesia de São Martinho de Lisboa onde eram lançados os casamentos dos homens que se encontravam presos no Limoeiro por não cumprirem com as suas obrigações matrimoniais.  Mas pode ter sido noutra! Ainda sabemos que o "noivo" estava preso no Limoeiro a aguardar que se verificassem as condições necessárias para a realização do matrimónio e que para tal foi libertado do Limoeiro com passagem direta para a igreja. Lamentavelmente da Freguesia dos Mártires não existem livros paroquiais anteriores ao Terremoto de 1755, o que nos deixa na dúvida.

Lopo tinha casado anteriormente na freguesia de Budens (Lagos) com Joana Francisca cerca de 1698 tendo ele nascido na freguesia de São Sebastião de Lagos (outro documento diz que foi nascido em Tanger) em 1670. Estes factos não podem ser confirmados pois não existem os livros respetivos nas datas correspondentes. Lopo declara ser filho de Heitor de Leão Banha e de Francisca Rodrigues Pereira. Este casamento não consta dos livros de assentos de casamento da Sé de Tanger.

O seu primeiro casamento celebrado em Búdens, Algarve, c. 1698, não se consegue confirmar uma vez que também não existem esses documentos. No entanto sabemos que teve uma filha desse matrimónio a quem puseram o nome de Isabel batizada já em Lagos, São Sebastião, a 19 de Agosto de 1699 tendo sido padrinho o Alferes Francisco Rebelo. s.m.n. O óbito da mãe da criatura, Joana Francisco, ocorreu a 30 de Março de 1703 sendo sepultada na Igreja de São Sebastião de Lagos a cujo enterramento esteve presente o viúvo, assim como Francisco Fernandes Barbuda que assim o declara acima. [Lagos, S. Sebastião, O-4-21, Joana Francisco, 30 de Março de 1703, faleceu mulher do Alferes Lopo Tavares, digo Lopo Fernandes Tavares, foi sepultada nesta igreja de que era freguês.]

Sabe-se que depois do segundo consórcio, depois de casados, foram viver para Lagos onde foram pais de 5 filhos. Do primeiro, outro Heitor de Leão Banha, alias conforme costume familiar de dar o nome do avô paterno ou materno ao recém nascido, pouco mais se sabe além de que deve ter nascido entre 1710 (antes do casamento) ou 1712 data a partir da qual começam a nascer os restantes quatro filhos descobertos em Lagos.

Foram estes os filhos (conhecidos):

1) Heitor de Leão Banha, nascido ou em Albuquerque, Lisboa, que segue:

2) Lopo , n. 8  e b. 21 de Dezembro de 1713 em Lagos, São Sebastião) sendo padrinho António Mexia Barbosa e madrinha Violante Gomes mulher de Bartolomeu da Fonseca Lobo (Lembro que este Bartolomeu testemunhou acima confirmando as declarações feitas pelo pai da criança.) s.m.n.

3) Maria, n. 5 e b. 17 de Novembro de 1715 em Lagos, São Sebastião, sendo padrinho António do Vale Correia, Vedor Geral, provavelmente falecida pois é nomeada uma 2.ª Maria a seguir. s.m.n.

4) Maria Teresa del Risco, ou Maria Teresa Banha del Risco, n. 15 e b. 26 de Julho de 1717 em Lagos, São Sebastião sendo padrinho Ruy da Silva e Távora provedor das almadravas morador na Vila do Bispo e madrinha Leonor Luísa de Matos filha de Lopo Soares, residente em Lagos SM. Casou a 9 de Outubro de 1736 com Modesto Henriques Bustorf, n. entre 1709 e 1711 em Portimão e foram pais de 

  • a) Teresa Eufrásia Joaquina del Risco casada com Alexandre Manuel de Mongros; 
  • b) António Xavier Bustorf, falecido solteiro, 
  • c) um Francisco, s.m.n. 
  • d) Lopo Xavier Bustorf casado com Sabina Dorotea de Aquino (filha de João Batista de Carvalho da Gama e de Ana Joaquina Xavier) e em segundas núpcias com Maria José de Freitas; 
  • e) Ana Máxima Victória del Risco casada com Francisco José de Moura (filho de Diogo Gomes de Moura e de Antónia Valentina Dias de Sousa); 
  • f) João Xavier Bustorf casado com Joana Xavier, (filha de João Batista Feriosimo e Francisca Teresa Xavier),
  • g) Francisco Xavier Bustorf casado com Violantae Narcisa Xavier, (filha de Joaquim Manuel da Fonseca Lobo e de Isabel Maria Paula Duarte)
  • h) Maria Inácia, falecida solteira, 
  • i) Joana Preciada del Risco casada com Vicente Rebelo da Fonseca (viúvo de Archangela Pereira da Cunha Corte-Real e filho do Heitor de Leão Banha e de Leonor Coelho de Vilalobos [referido em 1) veja-se abaixo]),
  • j) Manuel José Bustorf, s.m.n., e 
  • k) José Joaquim Bustorf casado com Francisca Rosa, (filha de José Nunes e  Quitéria Maria).
 Alguns  deste 11 filhos com geração até aos nossos dias.   

5) Luís del Risco, n. 29 Setembro e b. 16 de Outubro de 1719, sendo padrinho o Conde de Avintes, D. Luís de Almeida Portugal, residente em Lisboa, tocando por procuração Pedro Martins de Lordelo. Foi testamenteiro de sua mãe D. Joana del Risco. s.m.n. 

6) Pedro del Risco, referido no testamento de sua mãe D. Joana del Risco como já tendo falecido antes de 5 de Março de 1759. s.m.n.

                             

Lopo Fernandes Tavares, aquando do 2.º casamento, já era Sargento-mor, (equivalente a Major dos nossos dias). Sabe-se que se manteve habitualmente a viver em Lagos com a família. Aparece como padrinho com o título de sargento-mor num assento de batismo de Santa Maria em Lagos, datado de 17 de Dezembro de 1719 (B-6-imagem 37).

O pai deste Lopo Fernandes Tavares IV, outro Heitor de Leão Banha, era o 3.º filho de Lopo Fernandes Tavares III e de Isabel de Contreiras que casaram na Sé de Tanger a 11 de Janeiro de 1633 conforme diz o assento:

"Em os onze dias do mes de janeiro de seissen || tos e trinta e tres eu joão valente cura nesta || Sancta See resebi por palauras na forma do sagrado Concilio en casa con lisensa do reue || rendo prouisor por justos respeitos a lopo frz filho de lopo || frz tauares e de breitis roíz || com isabel de contreiras filha de Antonio || roíz adibe e de maria teixeira todos || moradores nesta cidade forão testemunhas pedro da Costa [,] fernão moreno [,] christouão de Cordoua e para que conste a todo o tempo fiz este asento dia || mes e anno ut supra || joão Vallente ||

Em uinte e tres do dito mes reseberão as bensois || nesta Sancta See forão testemunhas o adail andre dias || da franca, francisco banha andre dias da franca e otro || muito pouo e por uerdade asinei || João Valente ||"

O 1.º filho deste casamento e irmão mais velho de Heitor foi, ainda outro Lopo Fernandes Tavares (tio do marido de Joana del Risco) n. 23 de Outubro de 1633* em Tanger sendo padrinho Lopo Fernandes Tavares I Comendador da Ordem de Cristo, seu avô. Casou em Tanger a 7 de Outubro de 1652** com Francisca Rodrigues (viúva de Manuel Fernandes). Tiveram uma filha Brites n. a 18 e b. 25 de Dezembro de 1662 sendo padrinho Diogo Ribeiro de Alvarenga, s.m.n.
*[Fundos Documentais, Biblioteca Nacional Lisboa, Arquivos Paroquiais, Sé de Tânger, Cod 1575, pag. 111, 2.º.]
**[Rodrigues, José Maria & Azevedo, Pedro de, "Registos Paroquiais da Sé de Tanger- Casamentos" (Imprensa da Universidade, Coimbra, 1922), Pág. 424, 2.ª entrada.]

O 2.º na sequência foi António Rodrigues Tavares n. 12 de Abril de 1637* em Tanger sendo padrinho o capitão Francisco Lopes Tavares. Casou na Sé de Tanger a 14 de Fevereiro de 1656** com Jerónima da Cruz, s.m.n.
*[Fundos Documentais, Biblioteca Nacional Lisboa, Arquivos Paroquiais, Sé de Tânger, Cod 1575, pag. 150, 2.º]
**[Rodrigues, José Maria & Azevedo, Pedro de, "Registos Paroquiais da Sé de Tanger- Casamentos" (Imprensa da Universidade, Coimbra, 1922), Biblioteca de João Luís Leote Tavares Esquível, Pág. 438, 1.ª entrada.]

Por fim chegamos à informação do óbito de Lopo Fernandes Tavares IV [Lagos, São Sebastião. O-5-? imagem 95]: 

 

"Aos vinte e sete dias do mês de Janeiro de setecentos e vinte e nove faleceo o Sarg. Mor com o sacramento da extrema unção, e no mesmo dia foi sepultado, nesta igreja Matriz de S. Sebastião desta cidade sua paróquia, e não fez testamento, e para constar fiz este termo, Joaquim Dias da Silva."


Heitor de Leão Banha, filho do anterior, de quem descende o autor.


Do que fez até estas datas referidas no próximo parágrafo, nada se sabe. Sabemos que sucedeu numa capela instituída em 1575 na Matriz de Lagos e seguiu como seus maiores a carreira das armas tendo logrado o comando da praça de Lagos e falecido no posto de capitão reformado de infantaria. Por sua mulher D. Leonor Coelho de Villa-Lobos, com quem casou na Matriz de Lagos em 2.02.1736, veio a esta família o direito ao uso do apelido e armas de Rebello, pois dela era 4.º Avô por via ilegítima, Vicente Rebello da Fonseca, 4.º Alfaqueque-Mor de Portugal e Algarves por cerca de 1583. (Veja-se a história dessa ilegitimidade; clique na palavra aqui para aceder.) 
Apresentou praça como soldado a 1 de Setembro de 1725. Ora tendo nascido em 1710 ou 1711 teria 14 ou 15 anos o que me parece possível mas pode ter nascido até um par de anos antes. É mais provável que tenha nascido em 1709 tendo assim 16 anos quando assentou praça. Nesta última hipótese pode perfeitamente ter nascido em Alburquerque. Serviu como soldado 4 anos, 7 meses e 21 dias na companhia do Capitão Baltazar Fernandes Banha do Regimento do Coronel Francisco Pereira da Silva. Foi promovido a cabo de esquadra em Abril de 1729 em cujo posto ficou 4 anos, 1 mês e 3 dias até Maio de 1733 na mesma companhia e regimento. Nessa data foi promovido a Sargento Supra passando a servir na companhia do Tenente Coronel Francisco Rebelo durante 1 ano, 1 mês, e 20 dias até Junho de 1734. [1] 
Oficial de Infantaria Portuguesa
A 4 de Abril de 1735 teve ordem de marcha para o Alentejo a mando do Conde de Unhão, João Xavier Teles de Meneses, Governador e Capitão General do Algarve (que foi também o fundador do Convento de Nossa Senhora do Carmo em Lagos). Heitor de Leão Banha apresentou-se a 6 de Julho sendo promovido a tenente a 10 de Julho na Companhia de Dionísio Rebelo do Regimento do Barão criado por iniciativa do mesmo Conde.
Teve ordem de marcha a 14 de Agosto de 1735 e a 8 de Janeiro de 1736 apresentou-se na Província do Alentejo sendo Tenente permanecendo nesse posto 7 anos, 6 meses e 2 dias até 22 de Agosto de 1747, (imagens 7 a 12). 
Por se reformar em capitão e ter servido 22 anos no exército de Infantaria da Praça de Lagos o Rei D. José I, depois de tomada consulta pelo Conselho da Fazenda de 21 de Janeiro de 1752, concede-lhe a propriedade da 4.ª parte do ofício de Mandador da Armação da Torraltinha cita na costa da cidade de Lagos e ficaria com direito a mantimentos a elle ordenado e os mais prós e percalços que direitamente lhe pertencerem (…) constando primeiro ter as ditas fábricas de barcos e redes conforme a dita parte do seu mando (…) e deu fiança (…) por mim assinado com o meu sello pendente, de que tomou posse a 8 de Novembro de 1752, em remuneração dos seus serviços por vagar por falecimento de Sebastião Pereira de Figueiredo, pelo que pagou 400 réis*. Ora este Sebastião Pereira de Figueiredo era cunhado de Heitor de Leão Banha, irmão de sua mulher D. Leonor Coelho de Vilalobos. 

*Provisão. Para servir o ofício de Escrivão da Mesa Grande da Alfândega da Cidade de Lagos. ANTT PT/TT/RGM/F/0000/149706 [1825-06-01] Registo Geral de Mercês, D. João VI, liv.20, fl.104v.  

Porém a 9 de Julho de 1766 foram extintos, pelo Rei, este e outros ofícios no livro de Registo da Mesa das Almadravas declarando que haveria compensatória ao prejuízo resultante aos proprietários que perderam os seus ofícios, (imagem 7). Como Heitor explicou no seu pedido datado de 1768, considera-se como sendo “uma das principais pessoas da dita cidade sem meios para conservar a decência necessária suposto a reforma em que se acha”, e pede ao rei lhe seja “dada a graça da referida capela e seus rendimentos desde a sua vagância que foi por falecimento do Capitão António Tavares Leote, de Vila de Albufeira, (1660-c.1754) e isto em gratificação pela perda que experimentou pela” extinção da propriedade do dito ofício, (imagem 19). Foi aceite este pedido apesar da dificuldade de, concretamente, enumerar e saber quem tinha o controlo das rendas das propriedades da dita Capela instituída por Geraldo Domingos e Domingas Domingues em propriedades no termo de Lagos. Teve que haver sequestro de bens e devolução de verbas por uso indevido por terceiros conforme nos cita um documento em que se referem as ações tomadas pelo vereador mais velho da Câmara de Lagos, Pedro Matoso de Vilalobos, em resultado de uma ordem dos Juízos das Capelas da Coroa, em Lisboa, (imagem 20). Por fim, Heitor de Leão Banha solicitou alvará de folha corrida ou seja, documento providenciado pelo Juiz de Fora (que, neste caso, acumulava o cargo de Corregedor da Comarca) em que os Notários do Geral e da Correição asseguravam se nos seus cartórios havia, ou não, notas de culpa. Não houve, pelo que o nosso Heitor de Leão Banha tinha folha limpa de culpas no cartório, (imagem 23). 
Curiosamente a transcrição da maior parte dos documentos solicitados por Heitor de Leão Banha para efeitos de formalizar o pedido de atribuição dos rendimentos da dita Capela foram escritos por um outro António Tavares Leote, (1744-1811), Escrivão da Receita e Despesas das Almadravas do Reino do Algarve, tio-avô da futura Maria Bárbara de Naves Leote que viria a casar com Lopo Rebelo Tavares, bisneto do mesmo Heitor de Leão Banha aqui biografado.

[1] Requerimento de Heitor de Leão Banha, Capitão reformado na Praça de Lagos, solicitando a mercê da administração da capela instituída por Domingos Domingues, situada no termo de Lagos, PT/TT/MR/EXP/051/0107/00018, 1768, ANTT, Ministério do Reino, mç. 750, proc. 18.

Foi eleito Almotacé para os meses de Abril, Maio e Junho e, Outubro, Novembro e Dezembro de 1769; (págs. 210, 217). Consta nos "cadernos eleitorais" ou "Róis de Nobreza" da cidade de Lagos e que seguem para o Desembargo do Paço para os triénios de 1756-57-58, 1759-60-61, 1768-69-70 e 1771-72-73. Esta mesma fonte e no mesmo ano de referência faz pai e filho com as idades respetivas de 50 e 30 anos. Como Lopo nasceu em 1739, seu pai, Heitor, deveria ter nascido em 1718 ou 1719 pouco mais ou menos,[1] o que sabemos não ser certo por ter nascido provavelmente em 1711 como se disse.  

Nota sobra a almoçataria e os almotacés.

Na cidade muçulmana havia a Hisba, instituição urbana cuja jurisdição compreendia funções análogas. (al) Muthasib era o nome árabe para o titular da Hisba, daí tendo passado à forma portuguesa “almotacel” ou, mais recentemente, almotacé. As atribuições da Hisba acompanhariam a almotaçaria cristã ao longo dos seus sete séculos de existência.

Originariamente, os almotacés eram nomeados pelo rei que, desta maneira, fazia chegar a sua influência junto das populações, garantindo a centralização do poder. Com a crescente autonomização dos concelhos esta prerrogativa viria a passar para os municípios.

Estabeleciam-se critérios de elevada seleção social para as pessoas a eleger (“pessoas muito nobres … ainda que tenham o foro de fidalgos”); tais requisitos, aliás, haviam sido consagrados já no período filipino[2]. Não obstante a sua condição privilegiada, os indivíduos que fossem eleitos para o cargo de almotacé das execuções eram obrigados a exercê-lo efetivamente, determinação esta que era acatada sem resistência, porquanto o esquivar-se podia significar a prisão[3]. Ademais, a preferência de que os almotacés em exercício gozavam no acesso aos ofícios da Câmara tornava o cargo apetecível. Os Almotacés não podiam prender pessoas privilegiadas, senão em flagrante delito; não obstante, daqui resultava a contrario sensu que os almotacés podiam mandar prender essas pessoas, uma vez surpreendidas a transgredir.[4]

Heitor de Leão Banha acabou por morrer na freguesia de Lagos, Santa Maria, para onde tinha ido viver devido às suas obrigações laborais como oficial camarário. Segundo nos diz o assento, morreu de repente provavelmente no decorrer da sua atividade matutina.


Aos vinte e cinco dias do mês de Julho da era de mil setecentos e setenta e quatro anos faleceu o Capitão Heitor de Leão Banha com os sacramentos da Extrema Unção, por morrer de repente não fez testamento. Foi sepultado na Igreja da Misericórdia, de que fiz este termo dia era ut supra. (a) Padre António José Ferreira. [Lagos, SM O-2-56].


[1] Paula, Glória de Santana, "Lagos (1745-1792) Dinâmicas Económicas e Elites do Poder" (Estar Ed., 2001, Lisboa), pág. 340, 343.

[2] Alvará de 5 de abril de 1618. In Collecção Chronologica da Legislação Portugueza - 1613-1619. SILVA, José Justino de Andrade e (comp. e anot.). Lisboa: [s.n.], 1854. p. 279-280.

[3] Capítulo da carta régia de 21 de janeiro de 1606, em OLIVEIRA, Eduardo Freire de – Elementos…Tomo II, p. 154; e consulta da Câmara a el-rei em 28 de março de 1644, em OLIVEIRA, Eduardo Freire de – Elementos, tomo IV, p. 539-540.

[4] Ferreira, Paulo da Costa, “Do ofício de almotacé na cidade de Lisboa (século XVIII)”, in Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.1 Lisboa jun. 2014.http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-31762014000100005#*


Dos seis filhos que houve Heitor de Leão Banha, almotacé, o autor descende de dois deles. De outros dois houve profusa descendênecia. Dos últimos dois não houve descendência.
No Quadro 2 podemos ver a descendência desses dois irmãos, Lopo Fernandes Tavares V e Diogo Rebelo Tavares.
Na geração seguinte casaram dois primos-irmãos, João António de Tavares Rebelo e Maria Paula da Silva Pegado. Deste casamento só vingou o varão, Lopo Rebelo Tavares, que vem a casar com Maria Bárbara de Naves Leote (também ela a única com descendência sobrevivente desse ramo) fundindo os apelidos conjuntos que se matêm até aos nossos dias  "Leote Tavares".

            Lopo Rebelo Tavares passa a ser o chefe representante de ambas famílias. 

Para mais informação sobre este último casamento e descendêencia, vejam-se as publicações neste blog que começam aqui.  (Faça clic na palavra "aqui" para aceder a esse artigo.)





Testamento de

Dona Joana del Risco 

Transcrição do cabeçalho do documento:
Cópia do testamento com que faleceu Dona Joana del Risco viúva do sargento-mor Lopo Fernandes Tavares.

Dona Joana del Risco sentido aproximarem-se os últimos momentos de vida, chamou o padre Manuel Mexia Barbosa o qual foi a sua casa a 27 de Janeiro de 1759, nove dias antes de falecer, para que lhe fizesse o testamento, o que fez conforme segue.  

Testamento

Primeiramente disse Dona Joana del Risco que encomendava a sua alma a Deus cuja Trindade confessava e todos os mistérios da nossa Santa Fé Católica na qual protestava viver e morrer.

– Item disse ela testadora que quando Deus fosse servido de levá-la, queria que seu corpo fosse enterrado na Igreja de São Sebastião onde é freguesa e que o seu corpo fosse amortalhado com o hábito de São Francisco com a esmola de um quarto de ouro e que quer que a acompanhem à sepultura a comunidade da sua freguesia com todas as suas confrarias, e que no dia de seu falecimento se lhe cante um ofício com missa de corpo presente, e que deixa [dinheiro para que] se lhe digam pela sua alma quarenta missas rezadas de esmola ordinária, e que pela alma de seu marido se lhe digam seis missas, e que pela alma de seu filho Pedro del Risco quatro, e que ao Anjo da sua Guarda uma missa, e à Santa do seu nome outra, e que pelas Almas do Purgatório outra missa, e à Senhora da Glória duas missas no convento dos Capuchos desta cidade, à Senhora da Luz duas missas, [e] à Senhora da Piedade duas missas.

Item disse ela testadora instituía por seus herdeiros a seus filhos na parte de suas legítimas que lhe tocassem e que a sua terça, depois de tudo o desposto cumprido, a deixava a seu filho Luís de Almeida, e que para alguns encargos deixava se lhe dissessem dez missas, e que a metade das que dispõem queria se lhe dissessem à vontade do seu testamenteiro.

Disse ela testadora que em poder de sua filha Dona Maria del Risco mulher do capitão Modesto Henriques [Bustorff] tinha uns móveis que constam de uma relação feita por Francisco Fernandes Barbudo em 26 do presente mês de Janeiro como também cinquenta moedas de ouro a juro que constam de uma escritura e o mais que a dita sua filha em consciência quiser depor; e que quer que à sepultura a acompanhem doze pobres a quem se dará dois tostões.

Item disse que a seu filho Heitor de Leão Banha dera quatro moedas de ouro mandando-lhas de Albuquerque pera remir certa acusação com as quais deve entrar à colação e mais seis mil e quatrocentos reis que lhe mandou por seu genro Modesto Henriques [Bustorff].

E assim deu por acabada esta sua disposição testamentária para cumprimento da qual rogava e pedia escutassem(?) a seu filho Luís de Almeida fossem os seus testamenteiros a qual disposição eu o padre Manoel Mexia Barbosa o escrevi por mo pedir a dita testadora, e por ela o assinei por não saber ler nem escrever e assim me rogar. Lagos 27 de Janeiro de 1759. Etc. Assino a rogo da testadora pela causa sobredita e como testemunha, o padre Manoel Mexia Barbosa.

 Depois de ter ditado o testamento ao padre, foi chamado o notário para que o documento fosse aprovado de forma legal e tradicional perante testemunhas.  

Aprovação do testamento 

Saibam quantos este público instrumento de aprovação de testamento e última vontade virem que sendo no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1759 anos aos 28 dias do mês de Janeiro do dito ano nesta cidade de Lagos e casas de morada de Dona Joana del Risco dona viúva do sargento-mor Lopo Fernandes Tavares, onde eu tabelião vim a seu chamado a qual achei enferma de cama de doença natural que Deus Nosso Senhor foi servido a dar-lhe porém em seu certo juízo e entendimento segundo o parecer de mim tabelião e das testemunhas ao diante nomeadas e no termo desta assinadas perante as quais me foi dado este papel dizendo-me era o seu testamento que me foi dado da sua mão à minha de mim tabelião dizendo-me outro sim lho haver feito o reverendo padre Manoel Mexia Barbosa e assim queria que lho aprovasse porque não tinha que diminuir ou acrescentar e logo recebendo o dito papel achei estar nele escrito o dito testamento feito pelo dito padre em meia folha de papel por todos os laudos o qual logo lho ouve por aprovado quanto em direito posso e me é permitido de que assinou a seu rogo por ela testadora não poder fazer. João Parchar Pessinga furriel-mor do Regimento da Artilharia do Regimento desta cidade, [casado com Antónia Quitéria Sermenha; uma das suas irmãs, Ana Matilde Parchar Pessiga, era casada com Jerónimo da Fonseca da Sá; e outra, Luísa Isabel Narcisa Pessinga Portugal com João Guterres Pinto Leote], sendo a tudo por testemunhas presentes Manuel Martins Benavides e José António, soldado artilheiro da Companhia do tenente-coronel Manuel Rodrigues, oficial de pedreiro e Sebastião Pereira da Silva, soldado artilheiro da Companhia do coronel e o dito João Parchar [Pessinga] pessoas que dou fé serem as próprias que assinaram e eu tabelião de meus sinais público e raso. Pedro Gomes de Almeida, Tabelião de Notas que o escrevi. Assino a rogo da testadora por assim me rogar e como testemunha João Paschar Pessinga. José António. De Sebastião Pereira da Silva, um sinal. De Manoel Rodrigues, uma cruz. Manoel Martins Benavides. Lugar do [sinal] público em fé e testemunho de verdade. O tabelião Pedro Gomes de Almeida. Vasco Almeida. Cunha. Cumpra‑se sem prejuízo de terceiro e se registe. Lagos, 5 de Março de 1759. Cunha. E não se consertou mais no dito testamento a que me reporto que aqui copiei e reportei e concertei. Lagos, hoje 6 de Março de 1759. Pedro Gomes de Almeida, Tabelião do Judicial e Notas que o escrevi.

  A 5 de Março verificou-se o falecimento de Dona Joana e foi aberto o testamento e aprovado para se poder proceder ao sepélio e enterramento na cova da igreja na Paróquia de São Sebastião.  

Abertura do testamento

Saibam quantos este público instrumento dado e passado em pública forma por mandado e autoridade de justiça com o teor de um testamento com que faleceu Dona Joana del Risco, viúva do sargento-mor Lopo Fernandes Tavares, moradora que foi nesta cidade, abertura e aprovação e cumpra-se de o que tudo é do teor e forma seguinte:

 Ano do Nacimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1759 anos aos 5 dias do mês de Março do dito ano, nesta cidade de Lagos e casa de morada do vereador mais velho, o juiz pela ordenação aí por Manuel Rodrigues lhe foi dado este papel dizendo‑lhe era o testamento com que de presente havia falecido Dona Joana del Risco dona viúva do sargento-mor Lopo Fernandes Tavares e porque se não sabia o disposto nele para se dar a sua devida execução, lhe requeria o abrisse e o sentenciasse pera ter o seu devido cumprimento porquanto se queria dar sepultura ao cadáver o que visto pelo dito juiz recebendo logo o dito papel e descosendo-o, achou ser o dito testamento feito e aprovado com todas as solenidades de direito e o sentenciara sem prejuízo de terceiro como tudo se vê no fim da sua aprovação e mandou se passassem os instrumentos necessários às partes que os requeressem de que fiz este auto de abertura que assinei eu, Pedro Gomes de Almeida, Tabelião do Judicial e Notas que o escrevi. Pedro Gomes de Almeida.  

Arquivo Distrital de Faro, Cartório Notarial de Lagos, Livro 1763, fl 43-45v., Testamento de Joana del Risco, viúva do Sargento-mor Lopo Fernandes Tavares. (Nota: Agradeço ao Dr. José Elmiro Rocha, sócio do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Açores, e da Biblioteca Pública e do Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, em Angra do Heroísmo, a transcrição deste documento de tão difícil leitura, sem cuja ajuda não poderia ser partilhada.)

 Posfácio

Assim ficou registado para a posteridade o óbito de D. Joana del Risco, uma alburquerqueña, extremeña, tendo morrido com 78 anos de idade, algarvia e portuguesa, depois de ter sobrevivido ao Terramoto de 1755.



Óbito de Joana del Risco
Aos 5 de Março de [mil] setecentos e cinquenta e nove faleceu D. Joana del Risco, viúva do Sargento-mor Lopo Fernandes [Tavares] com todos os sacramentos e no dia seis do dito mês e ano foi sepultada nesta colegiada de São Sebastião sua freguesa. Fez testamento e deixou por testamenteiro a seu filho Luís de Almeida, de que fiz este assento que assinei dia ut supra.

Que alguém use esta informação que aqui é apresentada, ou a utilize para pesquisar mais além, para melhor conhecer o seu passado e preservar o futuro, confiante na continuidade da sobrevivência da família e de todos os seus ramos.


Deixou vasta descendência, entre a qual, os membros das famílias Bustorf, Furtado, todos os Leote Tavares, Cunha Ribeiro, Júdice Cabral, Amado da Cunha, Sousa Martins, Lança, etc. com raízes em Lagos, Portimão e Lisboa, incluindo o autor deste artigo.


Faz-se genealogia por muitos motivos. Os que faço meus são a minha curiosidade sobre os meus ascendentes ― quem eram eles, como eram, que experiências viveram. A minha paixão pela história é parte do motivo pelo qual faço genealogia. O prazer e desejo de resolver mistérios, decifrar documentos (como encontrar o dito e resolver a leitura do óbito da D. Joana del Risco), e a busca e o desfazer da meada do problema são grande parte da minha paixão pela genealogia. Não fica atrás o propósito de que se conheçam e reconheçam as pessoas ao longo dos séculos cujas vidas ajudaram a tornar-nos quem somos hoje. 


"Without the past there is no present, 
nor can we build a future".

Fim de mais um capítulo